10 de setembro de 2010

Horários

Seis da manhã
Levanto com a certeza de que nada vai dar certo
Eu sinto que as pessoas pensam no mundo como só um objeto
E do outro lado da rua o deficiente não faz o trajeto ao trabalho
Se perde na esquina com garotos de 14 anos, se acabando no crack

Meio-Dia
Hora de correr e ver mais desgraça acontecendo
Meus olhos se escondem atrás das minhas pupilas dilatadas
Calor, medo, ódio, pena, veneno
Pesadelos ecoam em todos os cantos desse milionário monumento

Seis da Tarde
Mais preparação, mais angústia, mais desilusão
Chove muito lá fora e escuto pedaços de vidro caindo ao chão
É só mais um que se perde no meio da multidão
E quem liga pra ambulância? Quem liga pro bombeiro?
Ninguém se importa, ninguém vê além do dinheiro...

Meia-Noite
Mais uma vez me deito sobre o sangue derramado
Noite fria e chuvosa
Da janela não vejo nada além sonhos sendo sugados

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